29.10.10

quem me dera ser Fernando Pessoa

"Quando perdemos tempo com o fútil e o passageiro, deixamos de nos concentrar no que é precioso e eterno.."

Esta frase (embora entre aspas) é de minha autoria. Nao lembro quando escrevi, nem msm o contexto q inspirou tal pensamento. Na verdade, estava entre os meus rascunhos salvos..  E, como nao tinha assunto nenhum p nortear o q iria escrever hj, resolvi continuar..

Pensando bem, estou me sentindo um Fernando Pessoa, respeitando as devidas proporções e suprimindo toda a sua genialidade.. haha! Como quase todas as bobagens q eu falo, isto tb se explica, é simples: apesar da minha ignorância quase que completa em poesia e literatura, sei que ele é o rei dos heterônimos.. e eu ultimamente me sinto a gata borralheira dos heterônimos por parecer mil pessoas em uma.. 

(rei dos heterônimos foi ótimo.. q jeito vulgar de dizer q alguém é bom em alguma coisa.. rs.. quase "reginaldo rossi, o rei do brega", "luzinete, a rainha da seresta".. rsrs).. 

voltando, entao.. o cara é mestre nesse sentido.. e o q seria isso? é simples tb..  heterônimo  S. m. Outro nome, imaginário, que um homem de letras empresta a certas obras suas, atribuindo a esse autor por ele criado qualidades e tendências literárias próprias, individuais, diferentes das do criador. Isso tudo pra dizer que "os heterônimos constituem várias pessoas que habitam um único poeta". Ex.: Aguns dos poemas de FP sao assinados por Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, mas eles sao apenas "personagens".

Essa explicaçao toda é p dizer q eu nao sei que personagem danado era esse q escreveu aquilo por mim... kkkkk.. Eu me pego, muitas vezes, lendo algo q escrevi num passado nem tao distante e que parece q foi escrito por algum Caeiro da vida. Nao me vejo como alguém q coloca em prática, na atualidade, o que escreveu em um dado momento. Achei muito interessante a pessoa q escreveu aquilo tudo, mas o "eu" de hoje nao vive isso com tanta intensidade, pois há apenas uma intenção de viver.. Isso nao significa dizer q eu esteja vivendo o 'fútil', mas nao estou bem concentrada no 'precioso e eterno'. 

Isso indica que realmente nao somos o mesmo sempre.. nao mesmo! E a cada dia tenho mais certeza disso. Eu sou na verdade um conjunto de tudo o q eu penso, falo e faço. Mas sou também o q eu nao penso, o que eu nao falo e o que eu nao faço. Já dizia uma frase que li outro dia: "eu sou eu e meus contrários".. mas isso nao me assusta, isso eu já aceito. O que me assusta é ser alguém q pensa e escreve uma coisa e faz outra, pior msm é quando passa a ser dito e nao ser feito. Vixi! 

To passada comigo msm.. Estou muito teórica e pouco prática. Mas a observação disso já é a mudança, ou melhor, já aponta pra uma mudança.. só aponta.. rs.. pois como diz outro poeta "caminhante, não há caminho, faz-se caminho ao andar." (O chique msm é a sua versao original que achei na internet.. rsrs.. "caminante, no hay camino, se hace camino al andar.")

Enquanto nao mudo, ou nao faço o que penso e escrevo, eu vou escrever! Acho uma ótima ideia.. rsrsrs.. Garanto que se fosse uma má ideia nao existiriam poetas.. haha.. pra mim, nao há uma melhor maneira de se conhecer do q escrevendo.. msm q eu nao goste (hoje, ou no futuro) daquilo q escreva, ele diz algo sobre mim q ninguém mais no mundo sabe, inclusive eu!

Pra terminar, vou deixar uma parte de um texto sobre essa coisa toda de heteronimo q faz eu entender essa coisa toda de eu nao me entender.. rsrs.. Preciso msm é virar um gênio e começar a "dar vida às múltiplas vozes" que comporto dentro de mim.. ai, ai.. quem me dera..

"Fernando Pessoa é o poeta dos heterónimos; o poeta que se desmultiplica ou despersonaliza na figura de inúmeros heterónimos e semi-heterónimos, dando forma por esta via à amplitude e à complexidade dos seus pensamentos, conhecimentos e percepções da vida e do mundo; ao dar vida às múltiplas vozes que comporta dentro de si, o poeta pode percepcionar e expressar as diferentes formas do universo, das coisas e do homem."





5.10.10

coisas, recortes e poesias - parte II

De volta às "coisas, recortes e poesias"... 


detalhe: estou de parabéns pois faz menos de um mês q postei aqui.. estaria ficando assídua, é isso msm? nao, nao estou crendo em mim :O


Ha alguns dias, talvez 2 semanas, encontrei 'perdido' no quarto de painho o livro  "Prosa Morena" de Jessier Quirino.. das ultimas vezes q entrei em seu quarto, o livro sempre me convidava a declamar e ficar à espera das belas risadas do meu pai.. haha.. na verdade, eu acho q sou como Jessier, que disse: "Gosto de fazer cócegas com as palavras." 


Como quem quer fazer cócegas em si mesmo, carreguei o livro p mim.. "carreguei" pois nao tomei emprestado, só se toma emprestado algo de quem conhece o dono.. se o livro nao é d painho, eu nao conheço o dono.. ihhh.. acho q 'roubei' entao...enfim...


as cócegas com as palavras, ao contrário das originais, podem ser feitas via internet.. entao lá vai: um dos poemas q mais gostei (e mais gostei ainda pq tem td a ver com o momento 'ficha limpa' q estamos vivendo.. corrigindo: nao 'estamos' , pois eu roubei um livro, mas enfim.. vamos às cócegas...)






EXEMPLO POLITICOSO



Aquele ali por exemplo
é um político exemplar
só pega no que é dele
na hora que vai mijar
rouba do cego o caneco
rasga roupa de boneco
pra ver menino chorar.

E vindo uma CPI
querendo CPIzar 
estrebucha, mostra as prova
moldada pra se provar
se inocenta e vai-se embora...

Se for muito caipora
e não der pra se livrar
renuncia, junta os caco...
como nada aqui, dá nada
dá outra candidatada
e torna a politicar.

Jessier Quirino - retirado do livro 'Prosa Morena', 2001, p.88.

(ps.: semana q vem devolvo o livro, prometo ;)