23.9.13

Felicidade é uma árvore no quintal

Alguns felizes pela vitória do botafogo da Paraíba, o famoso belo; outros felizes pelo belo e criticando o investimento da Prefeitura como patrocinadora “master”; outros somente criticando. Não critico quem critica, e nem me atrevo a fazer, pois não tenho informações suficientes para tal.

O assunto de hoje é outro: a felicidade que está nas pequenas coisas. Essa é a frase mais batida de todas. É, eu sei que é clichê “dos brabo”. Mas não tinha como saber da vitória do Botafogo e não lembrar daquele velho poema de Vinicius de Moraes para o Mr. Buster.



***Vale ver:


Depois de citar todas as riquezas do tal americano, o poeta questiona o valor de todas elas ao perguntar:

“Mas me diga uma coisa, Mr. Buster
Me diga sinceramente uma coisa, Mr. Buster:
O Sr. sabe lá o que é um choro de Pixinguinha?
O Sr. sabe lá o que é ter uma jabuticabeira no quintal?
O Sr. sabe lá o que é torcer pelo Botafogo?”


E aí eu pergunto: 

Você sabe o que é torcer pelo botafogo da Paraíba, em pé na arquibancada do Almeidão, ao lado do seu pai, e gritar “eu a-cre-di-to” que ele vai pra série 'C' ?! Rsrs...Você sabe o que é assistir um jogo no estádio pela primeira vez na vida, e ver o Flamengo vencer ao lado da sua mãe flamenguista (roxa)?


Apesar de estar assídua aos ultimos jogos do botinha,  ter ido com Mainha ver o flamengo no Almeidão, e ainda, ser Flamenguista e Botafogo da PB, não acompanho quase nada. E acredito que isso é até bom, pois só sei notícias deles quando estão indo bem. (A falta de envolvimento é um pouco por falta de gosto, mas tb é um jeito que escolhi de não sofrer tanto..rs). Mas o que quero mesmo dizer é que não há nada melhor do que ‘quase nada’ para ser feliz de verdade. ‘Quase nada’ cura tristeza, depressão, inveja, cólica, mal-humor, etc...

'Quase nada' é ficar na arquibancada e ter que ficar em pé do começo ao fim do jogo porque ninguém senta. Todo mundo grita, faz furdunço, passa vendedor de amendoim, menino chorando, papel higiênico é jogado pra cima feito serpentina. A gente escuta piada com o mocinho que passou de terno e gravata lá no campo e o povo não perdoa chamando de pastor e gritando: "Aleluia, irmão!". É a alegria e sinceridade do povo. rsrs.. Eu não troco por cadeira nenhuma. Eu morro de rir e fico feliz com tudo isso. Pra mim, ficar 'nas cadeiras' pode ser até mais seguro e 'chique', mas é chato. Ao contrário das arquibancadas, ninguém fica em pé, ninguém grita, parece q existe um código de ética interno no qual é proibido ser animado. Terminado o jogo, todos vão correndo pros seus carros, enquanto lá em baixo tá 'pegando fogo' quase que literalmente. (E olhe que deve ter muita gente que volta de ônibus lotado pra casa, mas me parece que não estão nenhum pouco preocupados com isso..)


No ultimo dia 08, no jogo do Botafogo contra o Central de Caruaru,  fiz uma foto de uma cena que pra mim é linda: início do jogo, um senhorzinho na arquibancada, descascando suas laranjas todo compenetrado. Com o ouvido prestes a ficar colado no radinho de pilha (meio "sonífera ilha"). Tenho certeza que se perguntasse pra ele o que era felicidade, certamente, diria que era aquilo ali. E “muita felicidade” seria o final do jogo com o ‘Botinha’ vencedor e a laranja chupada até o bagaço. rsrs



Voltando ao poema para o tal Mr. Buster, e terminando minha quase-crônica sobre ser feliz de verdade... Não penso duas vezes: prefiro COM CERTEZA uma árvore no quintal a um “poço de petróleo, trabalhando de dia para [me] dar dinheiro e de noite para [me] dar insônia.”



ps: e a árvore não precisa nem ser jabuticabeira.. ;)