4.1.11

PUR I fio

2011 começa. Acho q ele merece uma postagem.

Algo mudou desde os últimos escritos, além do ano em questão.
Agora sou arquiteta e urbanista, tenho 26 anos, faço parte da massa desempregada, nao recebo bolsa família. Continuo solteira e católica, coisas estas que me parecem ser eternas.. rsrs.. muito embora tenha recaído sobre mim, no último dezembro, uma profecia matrimonial: peguei o buquê da minha amiga de colégio natália. Dizem as más línguas que se não casar em três meses nao caso nunca mais. Já imaginou qual será o meu fim, né?! Daqui pra março fica complicado. Na verdade, seria uma missão impossível, e eu teria que fazer a linha "Tom Cruise". Resumindo: fu*** :)

Outra coisa mudou desde então. Inspirada na minha alforria acadêmica (até que o mestrado nos separe), venho libertar os versos que insistia em manter em cativeiro. Confesso que acredito que muitos deles morrerão lá. Ou melhor: morrerão lá, se não aparecer uma Princesa chamada Isabel pra mudar seu destino. (Não peçam pra eu dar nome ao personagem, bitte!) Enquanto isso, liberto os versos mais bem comportados da autoria da neguinha aqui. Peço licença poética  para transgredir  todas as normas que sequer as conheço, tudo no mais profundo rigor intuitivo e na mais perfeita técnica ignorante.. haha!

Ouso, com todo respeito do mundo, citar algumas palavras de Jessier Quirino para expressar meu sentimento no momento:

   "(...) senti que tinha feito um pequeno Treze de Maio no meu mundo de rimas, e libertado os poemas, escravos de minha declamação. Estes poemas, agora alforriados, são de vocês" 

Vamos deixar de suspense e apresentar a primeira versão autoral da série "coisas, recortes e poesias".. Escolhi o poema a seguir pelo fato de não me comprometer com ninguém...rsrs.. afinal ele não foi escrito para um amor, nem para um ex-amor. Apesar de que eu ame muito a musa inspiradora, uma musa que tem nome de homem: João Pessoa. :D Escolhi esse também pq muito tem a ver com a formatura.. ainda ando sentindo cheiro de colação de grau. O poema a seguir retrata e relata os meus humildes (rsrs..) conhecimentos acerca do Planejamento Urbano e Regional, (PUR I), disciplina ministrada pelo Professor José Augusto, na UFPB. Por isso, batizei o coitado do poema de "PUR I fio" 

Aos que pagaram a disciplina, vale a nostalgia e as lembranças das noites mal dormidas para fazer o trabalho final que mais parecia um TFG. Em um semestre apenas , ouvi mais as palavras "plano diretor", "segregação", "IPTU progressivo", etc, etc, do que em toda a minha vida.. rsrs


PUR I fio

Tá tudo espraiado,
tá tudo mudado.
O que era centro virou história,
O que tá na praia é que tem glória.

O que era mar virou sumidouro,
o que era areia sumiu, ficou pouco
Pouco pra abarcar o povo, povo que quer contemplar,
quer olhar pro barco, olhar pro novo,
mas não o novo que só vê o mar.

O longe virou urbano
E o urbano virou rural:
não tem transporte, não tem esgoto
deve ser culpa do capital.

É assim que a cidade “cresce”:
Ela aparece, desaparece, segrega.
O público virou privado
isso é fato,  ninguém nega

Tem mais gente, tem mais carro,
tem mais prédio, tem mais bairro.
Se de um lado é ônibus lotado,
Ao seu lado tem carro desocupado.

Não há vergonha, não há pesar
pois sempre tem alguém
pra culpa colocar
Se é cada um por si 
e Deus por todos
é muita coisa pra só Deus cuidar!



Foto: Rio Sanhauá (Gustavo Moura)  in: http://clubecaiubi.ning.com/profile/DiogoCorrea